“Eu cheguei a Timor e toda aquela perspetiva que eu tinha daquela cidade, os tanques nas ruas, os militares armados, pessoas que eu conhecia sentadas na beira da estrada só com a roupa do corpo, os primeiros campos de deslocados, as casas a arder, tudo aquilo foi como entrar assim… não sei, talvez, hoje à distancia talvez um pesadelo, na altura foi estupefação. Andei por lá, tivemos de sair de casa, saímos de casa fomos morar para a embaixada australiana para a casa de uns amigos, depois queimaram a nossa casa.
“A todos os sítios onde eu vou, Portugal foi a colónia, as pessoas adoram Portugal, podem ter sentimentos mistos, mas na generalidade têm uma memória muito positiva, enquanto que nas outras colónias não, é mais distante, é mais frio, eram eles e nós…”.
Paulo, natural de Portugal, viveu em Timor-Leste
Entrevista concedida no âmbito do projeto de investigação: “Narrativas Identitárias e Memória Social: a (re)construção da lusofonia em contextos interculturais”, financiado pela FCT (PTDC/CCI-COM/105100/2008
Autoria da imagem: Vano (uso livre)
