“Um poema sobre a definição de lusofonia, eu acho que lusofonia é uma ave migratória, para mim, eu vejo lusofonia assim, lusofonia é uma ave migratória que está no coração de todos nós enquanto a quisermos ter, porque nem todos entendem lusofonia da mesma maneira, eu acho que sim, lusofonia é darmos as mãos e fazermos todos as mesmas migrações e andarmos todos cá, lá, nos mesmos navios, nos mesmos, com os mesmos dilemas e conseguirmos estar todos, como dizia Alda Espírito Santo, do mesmo lado de cada lado e isso aí é que é mais complicado, isso é que é lusofonia para mim, estarmos todos do mesmo lado de cada lado”.
“É aceitarmos as diferenças. Veja, aqui há uns anos apareceu aquela frase ‘Todos diferentes, todos iguais’, eu nunca concordei com ela, porque eu disse não, ela está errada, todos diferentes, todos diferentes, ponto final, a partir daí temos é que aprender a amarmo-nos e a respeitarmo-nos nas diferenças. As crianças não entendem isso, nós temos que lhes explicar quais são as diferenças, não, nós somos diferentes, todos diferentes, todos diferentes sempre, em tudo. Portanto, para mim a lusofonia é entender o outro e estarmos com ele do mesmo lado da canoa. Acho que me estou a fazer entender com a frase poética da Alda, lembro-me que ela defendia muito isso, ela tem um poema que diz, o meu irmão da canoa, nós temos que estar todos do mesmo lado da canoa, só assim é que conseguimos chegar a um bom porto da lusofonia”.
Olinda Beja (escritora, São Tomé e Príncipe)
Entrevista concedida no âmbito do projeto de investigação: “Narrativas Identitárias e Memória Social: a (re)construção da lusofonia em contextos interculturais”, financiado pela FCT (PTDC/CCI-COM/105100/2008)