O maior estado do Brasil é o estado de espírito
Portugal
2011
Luís Cunha e Rosa Cabecinhas
Entrevistas
Identidades
“Só dá valor ao céu, quem já morou no inferno, quem nunca morou no inferno não dá valor ao céu”.
“É como aquele cara que deixou a mulher amada em algum lugar e tem medo de voltar porque sabe que nunca mais vai ser a mesma coisa o dia que encontrar com ela”.
“E quando eu vim para cá e a ficha cai, o que mais me doía era assim, o cumprimentar das pessoas era muito cruel para mim ‘e aí, meu irmão tudo bem? Resposta… ‘que remédio’, tudo era ruim, tudo estava mal, enquanto me lembro que nós não tínhamos isso”.
“Eu não sou brasileiro, sou carioca. Eu falo que o carioca é único cara que tem como certeza que o maior estado do Brasil é o estado de espírito”.
“Eu sou português agora, a esposa é portuguesa, as crianças, todos eles qualificados com carteira de identidade, tudo certinho. Olha, eu gosto daqui, mas acho que a minha mulher tem mais paixão ainda. Os meus filhos estão identificados, já temos amigos, já temos sociedade, o outro daqui a um ano e meio está na universidade… eu já perdi aquela tribo, não é mais minha. Vou viver dessa saudade, mas não é mais a minha tribo, a minha tribo agora é aqui, eu sinto isso e gosto, gosto”.
Maurício, natural do Brasil, vive em Portugal
Entrevista concedida no âmbito do projeto de investigação: “Narrativas Identitárias e Memória Social: a (re)construção da lusofonia em contextos interculturais”, financiado pela FCT (PTDC/CCI-COM/105100/2008
Autoria da imagem: Vano (uso livre)