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Eu imaginava sempre a casa de Macau

Eu imaginava sempre a casa de Macau

Macau

2011

Luís Cunha

Entrevistas

Identidades

“Entretanto aterramos, abriram-se as portas do aeroporto e foi engraçadíssimo, porque nunca tinha tido essa sensação, porque nunca tinha pensado muito, quando as pessoas perguntavam qual é a tua casa, eu imaginava sempre a casa de Macau, que já não existia, porque a minha mãe tinha-se vindo embora. Quando eu cheguei a Macau dessa vez e se abriram aquelas portas à noite e vem aquele bafo, porque fomos em setembro tal e qual como a primeira vez, nisto apareceu uma música do Vítor Espadinha… abriram-se aquelas portas e vem aquele bafão horroroso e a namorada do meu pai ‘que horror, que bafo!’, aquilo soube-me tão bem, tão bem, uma coisa horrível, senti-me em casa”.

“Mas aquela coisa de sair ao meio-dia, que era a hora a que os miúdos saíam da escola, todos fardados, o barulho, os cheiros, a humidade, aquilo era tudo familiar, apesar da cidade estar toda cheia de prédios”.

 

Neila, natural de Angola, viveu em Macau, vive em Portugal

Entrevista concedida no âmbito do projeto de investigação: “Narrativas Identitárias e Memória Social: a (re)construção da lusofonia em contextos interculturais”, financiado pela FCT (PTDC/CCI-COM/105100/2008

 

Autoria da imagem: Vano (uso livre)