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Eu era discriminada no colégio

Eu era discriminada no colégio

Portugal

2011

Lurdes Macedo e Luís Cunha

Entrevistas

Relações interculturais

“Eu não me lembro muito bem, mas a gente era meio discriminado, eu acho. Eu era discriminada no colégio, até porque tinha sotaque… principalmente pelas pessoas negras, odiavam a raça portuguesa e eu como menina sofri quando passavam assim na rua, indo para o colégio, ou voltando, ‘olá portuga!’. A coisa vem da escravidão, entendeu, e acho que eles sei lá, o português chegou aqui tomando conta do espaço, o racista mesmo não é o branco, é o negro, o negro é o mais racista que existe. O branco é racista, eu não digo todos, mas o negro é muito mais racista, ele é racista em relação a ele próprio, ele se odeia a ele próprio, você vê que se pega um negro famoso, um artista, ou de futebol, ou cantor, ele só quer casar com mulher branca e loira. É verdade. Ele não aceita a própria cor dele, então para mim ele é o maior racista”.

“As crianças até te batiam, às vezes me batiam, mas eu também batia para caramba… ai, não levava para casa, eu chegava a casa depois chorando, me mordendo de raiva, mas batiam, agrediam a gente”.

 

Joana, natural de Portugal, vive no Brasil

Entrevista concedida no âmbito do projeto de investigação: “Narrativas Identitárias e Memória Social: a (re)construção da lusofonia em contextos interculturais”, financiado pela FCT (PTDC/CCI-COM/105100/2008

 

Autoria da imagem: Vano (uso livre)