Com Lurdes Macedo e Mutxhini Malangatana Ngwenya,
Reportagem de Simone Faresin.
Maputo – Matalane – Beira, 2017.
Entrar na casa de um grande artista é sempre uma experiência emocionante, independentemente do nível de interesse que se tenha pelo mundo da arte.
É diferente de visitar uma exposição com trabalhos revelados ao grande público. Esta é a sua casa, o lugar onde ele criou e pintou as suas obras, onde deu largas ao seu conhecimento, onde guardou os seus segredos e onde trabalhou a partir das suas fontes de inspiração.
Descobrir o artista Malangatana também é aprender a conhecer o seu país, Moçambique. Isto porque Malangatana é um exemplo de como a figura do artista pode estar próxima do seu povo, das suas conquistas e das suas vicissitudes.
MATALANE
“O paraíso perdido do artista”.
A busca de imagens e informação para a realização do documentário levou-nos do centro de Maputo aos salões dos museus, aos bairros periféricos, às escolas onde estão expostas obras de Malangatana, à casa de colecionadores particulares e também àquele que revelou ser um lugar extraordinário: Matalane, a aldeia onde nasceu Malangatana e onde o artista edificou um Centro Cultural de grande dimensão dedicado às artes plásticas, à música, ao teatro, à dança e a outras disciplinas criativas.
Com o desaparecimento do artista, o projeto abrandou; continua sendo um espaço com grande potencial, mas com pouco uso. O mato avança, engolindo as infraestruturas, e também o que deveria ser o alojamento de uma nova geração de artistas moçambicanos.
De todas as emoções que experimentei durante esta experiência, a mais forte foi a consciência de que o sonho de Malangatana pode e deve ser realizado.
Como apoiar a Cultura em Moçambique?
Realizando o sonho de Malangatana.
Voltando a fazer de Matalane um centro de criação e de formação para todos os jovens que merecem a oportunidade de se exprimir e de crescer tecnicamente nas mais variadas artes, tal como Malangatana conseguiu fazer ao longo do seu extenso e virtuoso percurso criativo.
Promover a cultura significa promover o diálogo.
E significa também criar condições sociais e impulsionar novas dinâmicas.
O relato desta experiência é muito mais do que um backstage: é uma dança com acontecimentos históricos e suas testemunhas; é uma imersão completa no contexto sociocultural no qual Malangatana cresceu e sempre viveu, sendo bem-sucedido em todas as suas iniciativas.
Um sentido agradecimento à Família de Malangatana pela receção e pelo apoio total ao nosso trabalho.
E o desejo de que a Fundação Malangatana consiga levar a bom porto os projetos em agenda. Os desafios de hoje desenham os cenários que irão caracterizar o Moçambique de amanhã.